Uma Transição Energética Acelerada Pode Acrescentar 40 milhões de Empregos no Setor Energético até 2050

Análise socioeconômica do Panorama das Transições Energéticas Mundiais da IRENA prevê prosperidade econômica significativa e exige ações políticas progressistas na COP28.

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, 29 Novembro de 2023 – Políticas progressistas são fundamentais para impulsionar os benefícios socioeconómicos da transição energética e espalhá-los amplamente por todo o mundo, conclui um novo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) antes da Conferência do Clima da ONU COP28 no Dubai.

O Volume 2 do Panorama das Transições Energéticas Mundiais 2023 da IRENA, publicado sob o título Impactos socioeconômicos da transição energética, mostra que o mundo poderá testemunhar um aumento médio anual no PIB de 1,5% até 2050 sob o caminho de 1,5°C em conformidade com o Acordo de Paris. Espera-se também que a transição energética crie 40 milhões de empregos adicionais no setor energético até 2050, com mais 18 milhões de empregos globalmente apenas nas energias renováveis.

O Volume 1 do Panorama lançado no início deste ano apresentou um caminho para atingir a meta de 1,5°C, posicionando a eletrificação e a eficiência energética como principais motores de transição, habilitados por energias renováveis, hidrogênio limpo e biomassa sustentável. O relatório ressaltou que a transição energética está fora de rumo, exigindo medidas urgentes e radicais, incluindo a triplicação da capacidade instalada de energia renovável até 2030.

O relatório de hoje destaca os impactos socioeconômicos do cenário de 1,5°C da IRENA. Ele fornece aos decisores políticos informações sobre como a atividade econômica, o emprego e o bem-estar humano serão afetados por 1,5°C e, assim, ajuda os governos a conceberem políticas que maximizem os benefícios da transição.

O Diretor-Geral do IRENA, Francesco La Camera, afirmou: “Faço eco do apelo da Presidência da COP28 para uma meta global de energias renováveis como um passo prático para se implementar o Acordo de Paris. Mas os decisores políticos se concentraram predominantemente nas facetas tecnológicas da transição energética, muitas vezes ignorando suas implicações socioeconômicas.”

Ele acrescentou: “A transição energética é uma grande promessa para impulsionar a economia global, mas devemos nos focar na desigualdade persistente. Preencher lacunas na ambição da política climática e adotar mudanças estruturais essenciais impõe exigências sem precedentes aos decisores políticos. Devemos facilitar resultados de transição positivos, assegurando ao mesmo tempo que essas oportunidades sejam distribuídas equitativamente entre regiões e países.”

A análise socioeconômica da IRENA conclui que os impactos da transição variam entre regiões e países, destacando as disparidades no desenvolvimento econômico e sublinhando a necessidade de estratégias econômicas inclusivas.

Embora se preveja que o emprego no setor das energias renováveis triplique até 2050, em geral, os empregos estão distribuídos de forma desigual entre as regiões. Espera-se que a Ásia ocupe 55% dos empregos nas energias renováveis globais até 2050, seguida pela Europa com 14% e pelas Américas com 13%. Somente 9% desses empregos serão na África Subsaariana.

E embora o PIB per capita de África deva duplicar, os países ricos em recursos do continente provavelmente registarão um crescimento mais rápido, exacerbando as desigualdades regionais. Porém, economias emergentes como a Índia e a China estão preparadas para um crescimento significativo, potencialmente remodelando o cenário econômico global.

Os impulsionadores dos resultados econômicos diferem, sublinhando a necessidade de se apoiar proativamente as despesas nos países em desenvolvimento. Para os países do G20, o investimento e o comércio são os impulsionadores mais fortes. Para os países em desenvolvimento, os pagamentos de subsídios sociais são frequentemente o fator dominante nas diferenças do PIB.

A ligação das facetas socioeconômicas e tecnológicas da transição energética exige intervenções políticas que transcendam a simples substituição dos combustíveis fósseis pelas energias renováveis.

A IRENA tem apelado consistentemente a uma abordagem holística à transição energética, entrelaçando a colaboração internacional, a equidade e as mudanças sistêmicas como parte integrante deste apelo.

Leia o Panorama das Transições Energéticas Mundiais 2023: Caminho do 1.5°C (volume 1)

Leia o Panorama das Transições Energéticas Mundiais 2023: Caminho do 1.5°C (volume 2)